segunda-feira, 4 de maio de 2009

Escolhas


Eu cresci vendo a minha vó fazer quadros em telas de tapeçarias. Com linhas de várias cores, ela ia bordando até que o desenho já impresso na tela ganhasse vida. Depois de pronto, olhávamos admirados a imagem, fruto da hábil mão que soube colocar, nos minúsculos quadros da tela, a linha apropriada. As linhas estão para um quadro bordado, como as escolhas para a nossa vida. O que realça e desenha a nossa existência é um feixe de grandes e pequenas decisões que formam os quadrantes da nossa história pessoal.

A escolha é um privilégio natural que todo ser humano tem. O filósofo dinamarquês Kierkegaard já nos advertia que a escolha é uma realidade intrínseca à nossa existência. Ou por outras palavras, nós sempre teremos escolha. Acontece que algumas escolhas trazem conseqüências com as quais não queremos conviver. Então, escolhemos o caminho menos custoso para nós mesmos e depois, num artifício psicológico criado para nos consolar e defender, dizemos: "desculpe, eu não tive escolha".

Errado. Tivemos e sempre teremos escolhas diante de nós, o que nos falta é a coragem para assumir as implicações das escolhas mais difíceis, que nem sempre são as mais prazerosas. Dada a importância central das escolhas para nossa vida, não seria óbvio que nós tivéssemos todo cuidado com elas? Não seria importante que aprimorássemos cada vez mais o processo de escolher a fim de produzir as melhores escolhas possíveis? Não faria sentido que tivéssemos um grupo de princípios diante de nós a partir dos quais nossas escolhas pudessem ser feitas?

Que suas linhas (escolhas) manuseadas com sabedoria e precisão construam um belo desenho (sua vida) capaz de inspirar e dar direção a muitos!


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