domingo, 23 de agosto de 2009

As Pílulas da Felicidade


Segundo um estudo feito pelos pesquisadores das universidades da Columbia e da Pensilvânia, o uso de antidepressivos, nos Estados Unidos, dobrou entre 1996 e 2005. Já no Brasil, foi registrado um aumento de 43% das vendas dos medicamentos, entre os anos de 2003 e 2007. Que eles fazem parte do tratamento da depressão todos sabem, mas o que realmente sabemos a respeito dos antidepressivos?

A depressão, também chamada de transtorno depressivo maior e depressão unipolar ou clínica, pode ocorrer em qualquer idade, incluindo crianças menores de cinco anos, afetando com mais freqüência pessoas entre os 25 e 44 anos, atingindo aproximadamente 20% das mulheres e 10% dos homens, de acordo com o site HealthyPlace.

De uma forma bem resumida, a causa da depressão é a falta de neurotransmissores no cérebro, especialmente a serotonina, a norepinefrina e a dopamina. Essas substâncias químicas, particularmente a serotonina, são predominantes nas áreas do cérebro que controlam o humor e as emoções. Os sintomas mais comuns podem ser agrupados da seguinte forma: emocionais (falta de ânimo, ansiedade, perda de interesse ou prazer, sentimentos de culpa, ideias suícidas e transtornos cognitivos) e físicos (agitação, mudanças de peso, dores musculares, perda de energia, alterações do sono).

É ai que entram os antidepressivos, que atuam diretamente no cérebro, modificando e corrigindo a transmissão neuro-química nas áreas do sistema nervoso que regulam o estado do humor, como foi citado anteriormente. Porém, os antidepressivos são uma faca de dois gumes, pois apresentam efeitos adversos, como por exemplo: perda do líbido, dependência e síndrome de privação, ilusões de grandiosidade e otimismo irrealista, sensação de "boca seca" devida a redução do fluxo salivar, aumento na secreção de prolactina, perda de apetite e constipação intestinal. Além do mais, seus efeitos a longo prazo não são totalmente conhecidos.

Eficazes ou não, no Brasil, os medicamentos antidepressivos são disponibilizados somente sob prescrição médica, pois o seu uso vai depender do neurotransmissor que afeta e a forma como atua.

Porém, a divulgação massiva dos meios de comunicação fez com que as pessoas tivessem a ideia de que os antidepressivos eram “pílulas da felicidade”, fazendo com que se transformassem na “galinha dos ovos de ouro” dos grandes laboratórios. Em junho de 2001, um júri nos EUA determinou que um certo antidepressivo foi o causador de uma crise psicótica em um homem. Durante o surto, o homem assassinou sua mulher, a filha e a neta, cometendo suicídio logo em seguida. A família processou o laboratório, ganhou a causa e uma indenização de oito milhões de dólares. Outros casos se seguiram, e a cada dia mais pessoas vêm acionando judicialmente médicos e companhias farmacêuticas por motivos similares.

O Jornal Americano de Psiquiatria publicou em abril uma pesquisa que contribui para alguns esclarecimentos sobre a teoria de que os antidepressivos não são tão eficazes assim. Eles são testados em um grupo limitadíssimo de pacientes, que não representa uma fração significativa do mundo real.

A eficácia dos antidepressivos prevista nas bulas é medida por testes clínicos realizados pelas empresas farmacêuticas e que servem como base para a criteriosa Food and Drug Administration (FDA), a vigilância sanitária dos EUA, aprovar sua venda. Os testes, segundo o estudo, são bastante restritos quanto à escolha dos pacientes e acabam excluindo pessoas que sofrem de duas doenças ao mesmo tempo, fazendo com que os testes sejam pouco representativos.

Não há cura para o TDM, por isso, os médicos devem cuidar de seus pacientes com o objetivo de diminuir os sintomas, melhorar a qualidade de vida e minimizar quaisquer riscos de suicídio. O ideal é que o tratamento seja uma combinação de psicoterapia, medicamentos e conhecimento sobre o histórico do paciente.

(www.saude.com.br)


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