terça-feira, 28 de abril de 2009

Dia da Educação


Hoje, 28 de abril, é o Dia da Educação. Apesar dos avanços conquistados nas últimas décadas, ainda estamos muito aquém de ser modelo nessa área. Gostaria, do fundo do coração, que realmente pudéssemos comemorar a data com orgulho, dizendo 100% das nossas crianças e adolescentes estão na escola neste momento.

Contudo, mesmo com as inúmeras campanhas empreendidas pelos setores públicos e privados e de mudanças nas políticas educacionais, a falta de qualidade no ensino brasileiro ainda persiste. A verdade, é que o descaso com a educação no País começou bem lá trás, na época da colonização.

Porém, não podemos e não devemos ficar à merce da história. Compete a cada um
de nós brasileiros, independentemente da classe social, cobrar as medidas necessárias para mudar esse cenário. Seja na hora de votar ou seja na hora de fiscalizar os candidatos eleitos, devemos estar de olhos bem abertos.

de nada adiantam palavras bonitas e pacotes emergênciais para socorrer as empresas em momentos de crise internacional financeira, se o povo não receber educação adequada. Porque, como já dizia Monteiro Lobato:
"UM PAÍS SE FAZ COM HOMENS E LIVROS".

Abaixo, trancrevo duas matérias que escrevi para o caderno especial de Educação, publicado hoje pela Folha de S. Paulo. Os dados, apesar de positivos, são vergonhosos. Boa leitura!

ENSINO AVANÇA EM VÁRIAS FRENTES

No Dia da Educação, Brasil comemora conquistas nos ensinos infantil, regula e profissionalizante

O sistema educacional brasileiro tem obtido conquistas importantes, como o aumento no número de matrículas no ensino profissionalizante, o crescimento de alunos com deficiência nas escolas regulares e a expansão de crianças com acesso à educação infantil. Segundo dados do Censo Escolar 2008, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), as matrículas na chamada educação básica (Ensino Fundamental) ampliaram 0,4% em relação a 2007: passaram de 53.028.928 para 53.232.868, sendo 46.131.825 delas em escolas públicas e 7.101.043 em instituições da rede privada.

Se esses números revelam estabilidade, variações mais significativas ocorreram na educação profissionalizante, que teve crescimento de 14,7 pontos percentuais no ano passado. Concomitante ao Ensino Médio, a expansão foi de 19,6%. Já as matrículas na educação profissionalizante subsequente – após a conclusão do Ensino Médio – cresceram 10,5%. Segundo o MEC, esses avanços se devem especialmente à ampliação da oferta da modalidade pelas redes estaduais. Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, existe hoje, por parte dos secretários estaduais de Educação, o entendimento de que é necessário reestruturar o Ensino Médio, de forma a oferecer condições de educação profissionalizante aos jovens.

O número de matrículas em creches também cresceu (11%) em 2008, assim como o percentual de alunos com deficiência matriculados em escolas regulares, que saltou de 46,8% do total em 2007 para 54% em 2008.

Outro dado importante refere-se ao número de alunos que passaram a desenvolver atividades complementares em horários alternativos ao escolar: em 2007 eram 186.975; no ano passado eles somavam 919.208.

De olho nas metas
Com indicadores simples e mensuráveis, o compromisso Todos pela Educação, do Governo Federal, é constituído por cinco metas que devem ser alcançadas até 2022: toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola; toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos; todo aluno com aprendizado adequado à sua série; todo jovem com Ensino Médio concluído até os 19 anos; e investimento em Educação ampliado e bem gerido.

Em seus dois anos e meio de existência, o movimento, que vem mobilizando a sociedade para que a educação seja colocada como prioridade na agenda nacional, já tem a adesão de 3,8 mil municípios e revela avanços, conforme demonstram as tabelas desta página.

Indivíduos em idade escolar que frequentam a escola (%)

Indicador

Metas

2005

2006

2007

2007

2008

2009

2021

88,7%

89,9%

90,4%

91,0%

91,9%

92,7%

98,0%

QUALIDADE É COLOCADA À PROVA

MEC avalia nível de alfabetização de alunos de 6 a 8 anos para corrigiinsuficiências de leitura e escrita

Criada no ano passado pelo Ministério da Educação (MEC), a Provinha Brasil é um instrumento de avaliação que possibilita diagnosticar o nível de alfabetização das crianças da rede pública de ensino após um ano de escolaridade. Adotada nacionalmente para avaliar as habilidades de leitura e escrita de alunos de 6 a 8 anos, ela terá sua próxima edição realizada entre setembro e outubro.

A prova é aplicada na própria escola pelo professor a alunos do segundo ano do Ensino Fundamental. Caso seus resultados não sejam satisfatórios, são criadas condições para a correção dos problemas, como aulas de reforço. A proposta é prevenir o diagnóstico tardio das dificuldades de aprendizagem. Diferentemente da Prova Brasil, aplicada aos alunos dos 5º e 9º anos, e do Enem – que fazem parte do Sistema de Avaliação da Educação Básica –, a Provinha Brasil não influencia o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Os resultados servem apenas para avaliação interna das Secretarias de Educação. E, embora a adesão seja voluntária, o MEC espera que todos os municípios a apliquem, uma vez que ela está indiretamente prevista no compromisso Todos pela Educação.

Anualmente, o Inep realiza duas versões da Provinha Brasil. A primeira ocorre no início do ano e a segunda em meados ou no final do segundo semestre. Dessa forma, os professores podem avaliar o progresso ou não dos alunos. A adesão tem de ser feita pelos secretários estaduais e municipais de Educação por meio do site http://provinhabrasil.inep.gov.br/, no ícone Gestor. Devem ser preenchidos o código de identificação e a senha, que é a mesma utilizada pelo gestor no sistema Educacenso. Caso o município não possua essa senha ou ela esteja bloqueada, é necessário entrar em contato com a Secretaria de Educação do Estado.

O segundo passo e fazer o download do kit, que contém Caderno do Aluno – prova usada para a avaliação, composta por 24 questões de múltipla escolha e três itens de escrita –, Caderno do Professor/Aplicador – reprodução do Caderno do Aluno, acrescido de comandos e orientações a serem usados no momento da aplicação –, e o guia Como entender os resultados, um manual utilizado para interpretar os resultados da avaliação.

Investimento para vencer desafios
O Brasil investe anualmente em educação básica 3,7% de seu Produto Interno Bruto (PIB), e, em sintonia com uma das metas do Todos pela Educação, deve ampliar os recursos para chegar a 5% até 2022.

A preocupação com o nível de alfabetização é fundamentada justamente pelos números do programa. A análise do percentual de alunos que aprenderam o que era esperado para cada série, feita em 2007, revela resultados alarmantes: apenas 27,9% dos matriculados na 4ª série do Ensino Fundamental tiveram a aprendizagem esperada em Língua Portuguesa e só 23,7% conseguiram isso em Matemática.

Na 8ª série os resultados são ainda piores: 20,5% aprenderam de acordo com as expectativas em Língua Portuguesa e 14,3% o fizeram em Matemática. Esses números ajudam a justificar o índice de 15% de reprovação na 4ª série e de aproximadamente 20% na 8ª série. Nesse contexto, o percentual de jovens de até 16 anos que concluíram o Ensino Fundamental foi de apenas 60,5% em 2007.
(Por: Márcia Vilas Boas)

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pelas matérias. O sistema educacional neste País é mesmo uma calamidade. Bjs Felipe