Trabalhar nessa região tem vantagens e desvantagens. O bom é que você encontra todo tipo de gente, literalmente falando. Há pessoas de todas as nacionalidades, raças e credo; além disso, existe uma variedade imensa de comércio. O lado ruim da questão é o trânsito e o baralho. O vaivém de pessoas nem me incomoda muito, o pior é o ruido dos carros e a algazarra quando tem passeatas, o que acontece quase todos os dias.
Mas voltando aos rostos, gosto de ficar imaginando o que se esconde por trás de cada um. O que aquela pessoa está vivendo naquele exato momento, qual a sua história, seus medos, angústias e alegrias. Uma moça bonita atravessa às pressas o farol de pedestre, que ainda nem abriu pra ela. Um taxista, nervoso porque levou uma fechada, desce do carro e discute com o motoqueiro imprudente. Seu rosto está em cólera de raiva. Do outro lado da rua, um senhor, de feição cansada, olha a esmo para o horizonte. O que será que ele pensava naquele instante?
São tantas as possibilidades, tantas histórias, que nos faz pensar por que temos o dom de achar que somos diferentes do resto mundo. Toda vez que temos um problema nos atiramos ao desespero, às lamúrias. Mas se olharmos bem ao redor, vamos perceber que nossa dor, na maioria das vezes, não passa de capricho. São os rostos nas ruas que nos dizem isso.
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