domingo, 23 de agosto de 2009

Escritora defende produtos mais caros e critica cultura da barganha

Em tempos de crise, um livro vem jogar um balde de água fria sobre qualquer ímpeto consumista. A jornalista americana Ellen Ruppel Shell critica empresas como Wal Mart e Ikea (rede de lojas de móveis) entre outras em seu livro Cheap: The High Cost of Discount Culture (Barato: O Alto Custo da Cultura do Desconto), recém-lançado nos Estados Unidos.

O título é autoexplicativo: ela defende que a sede por barganhas transformou a economia no último século, e para o pior. Ela explora as raízes dessa cultura com o começo dos grandes magazines no século 19 que passaram a oferecer produtos a preços mais baixos do que praticados pelas lojas menores. Segundo a autora, a queda nos preços veio acompanhada por uma queda na qualidade dos produtos.

E Ellen justifica a afirmação com um exemplo pessoal: em vez de comprar um par de botas caras de marca italiana, optou por um par de fabricação chinesa, bem mais barato, cerca de um quarto do valor. O produto mostrou-se desconfortável e foi parar numa pilha de outros acessórios não usados, todos grandes achados.

A autora mostra a brusca mudança de comportamento no último século quando, desde antes o século 19, os produtos eram consertados, refeitos e usados por mais de uma pessoa, e passados de pai para filho ou entre irmãos, até os anos 1960, quando os outlets de descontos tornaram-se famosos no país. O mesmo aconteceu com os móveis, que antes herdados, agora são consumidos como outros objetos, como acessórios e roupas.

"O foco mudou do objeto pela oferta. Se a oferta for boa, o item em consideração torna-se menos importante na transação.", diz.

Ela cita o exemplo da Ikea, que criou uma série de conceitos para oferecer móveis a preços baixos, entre eles a entrega das peças desmontadas, o que na opinião de Shell, é uma transferência de custo ao cliente, outra característica da cultura da barganha.

A autora discorda que a cultura do desconto beneficie os mais pobres, pois afirma que os valores dos itens de necessidade básica não são tão atraentes e que em grandes redes de varejo, preços baixos estão associados a pagamentos de baixos salários aos empregados.

(Fonte Terra)


Nenhum comentário: